Gaslighting, manterrupting… conheça termos que explicam a postura machista frente às mulheres

Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on telegram

Gaslighting, manterrupting, mansplaining, bropriating. Termos em inglês que talvez muitas mulheres não saibam o que significam ou consigam traduzir, mas que boa parte já deve ter vivenciado. Sabe quando você está numa reunião na empresa e sempre é interrompida por um colega quando está apresentando? Ou quando outro fica complementando o que você está dizendo, iniciando a fala com a seguinte frase: “O que ela quis dizer foi…”?

Pois bem, são termos que definem alguns tipos de violência emocional que ocorrem no dia a dia do universo feminino. Recentemente, um deles ficou em evidência durante a exibição do Big Brother Brasil. Durante um jogo da Discórdia – quando os participantes atitudes dos confinados que os incomodam – a postura do ator carioca Arthur Aguiar (que foi o campeão desta edição) com a médica goiana Laís. “Você está exagerando” e “Você está ficando louca”, disse ele. Nas redes sociais, os termos foram considerados gaslighting, um tipo de manipulação e de violência psicológica.

Gaslighting (‘iluminação a gás’ em uma tradução literal) indica um ‘apagar e acender de luzes’, ou seja, uma consciência relativa da situação vivida, acrescida da manipulação emocional. Nele, o abusador distorce, mente e induz a vítima a achar que enlouqueceu e está errada. Todas estas expressões expõem cenários que indicam definir as mulheres como loucas, irracionais, exageradamente sensíveis e confusas.

O termo teve origem no filme “Gas Light” (À Meia Luz), de 1944, adaptação de uma peça de teatro de 1938. Na trama, o marido tenta convencer a mulher – e também as pessoas que a cercam – de que ela seria louca.

“A violência psicológica é uma das mais graves, pois é silenciosa, não deixa marcas físicas. É um conjunto de opressão, desvalorização e humilhação. A mulher tem sua autoestima prejudicada, seja em um relacionamento abusivo ou no ambiente de trabalho. Por isso, precisa conhecer este tipo de agressão e tomar atitudes, para não adoecer psicologicamente”, salienta dra. Karine Bessone.

Ainda nesta edição 2022 do reality show, Arthur interrompeu Laís por várias vezes enquanto era acusado por ela de ser arrogante. Uma ocorrência chamada de manterrupting (junção de duas palavras em inglês: homem e interrupção).

Há, também, a expressão mansplaining (explicação de homem), que é quando uma mulher está explicando alguma coisa e, antes de terminar, é interrompida por um homem que começa a falar didaticamente a respeito do assunto.

Os termos acima citados não são jurídicos ou classificados como um crime no código penal brasileiro mas podem corresponder a um caso de violência psicológica – este sim tipificado no Código Penal a partir de 2021.

“Está claro no Código Penal que as tentativas de causar dano emocional à mulher com atitudes ou falas que a prejudique e perturbe, mediante ameaça, manipulação, constrangimento, chantagem, humilhação, só para citar alguns, são crimes de violência psicológica. E não importa o contexto em que aconteça: seja em um relacionamento ou em uma vivência social”, destaca a advogada Karine Bessone, especialista em Direito de Família.

E bropriating, o que é?

Ao juntar os termos bro (abreviação de brother, ou seja, irmão) e appropriating (apropriação), os a cultura americana criou uma expressão bropriating, que se refere a quando um homem se apropria da ideia de uma mulher e ainda leva o crédito por tal. Por exemplo, em uma reunião de trabalho. Significa que quando a ideia é sugerida por uma mulher não tem a devida credibilidade, enquanto se for falada por um homem, é exaltada.

“É um problema de gênero que pode ocorrer, por exemplo, em ambientes corporativos ou acadêmicos. Muitas de nós, provavelmente, já vivenciamos ou presenciamos alguma situação dessa. Uma violência sutil, mas corriqueira no mercado de trabalho”, conclui a dra. Karine Bessone.

Com competência e qualificação profissional, as mulheres estão ocupando cada vez mais papéis de destaque na sociedade, lutando por seus direitos. E não é raro enfrentarem posturas machistas em práticas de uma violência silenciosa, que ocorre dentro de casa, no ambiente de trabalho, entre amigos, em grupos de Whatsapp e nas redes sociais.

É importante e necessário criar coragem e relatar o que está acontecendo a pessoas próximas. Se for no ambiente de trabalho, deve-se relatar ao superior ou ao RH. Se não for suficiente, procure um advogado, que poderá ajudar que a situação não se repita com você e outras pessoas. Você não está sozinha!

Precisa de ajuda?